terça-feira, 12 de abril de 2011

DIAGNOSTICO EPIDEMIOLOGICO


Ola! Leitores! Vamos falar aqui sobre A crise atual de saúde no Vale do Javari (mas, talvez seja planetária), afinal ainda não esta decidida quem vai ocupar os lugares e os cargos e, as ações diárias vão sendo ‘sucateadas’ já há quanto tempo? Por que ‘sucateada’? Pela falta de planejamento para organizar as ações mantendo desta maneira ‘a ineficiência de assistência’ do estado no quesito saúde, mas as questões educacionais não vão lá muito melhores.
A campanha SOS Javari (intitulada assim pelo movimento indígena) organizou com o CTI (centro de trabalho indígena) e ISA (instituto socioambiental) uma equipe para mais uma vez busca gerar um diagnostico epidemiológico, ou, “apresentar um diagnóstico antropológico que servirá como base para o planejamento, a execução de ações e a divulgação da Campanha SOS Javari. O diagnóstico será especialmente destinado aos profissionais de equipe multidisciplinar a ser montada sob coordenação do CTI e do ISA (composta por antropólogos, infectologistas, sanitaristas, AIS, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, motoristas, pilotos, entre outros).”
Pois, a proposta, convenhamos, ate agora para as ações de melhoria da Sesai (antiga FUNASA), já começa a demonstrar que, nada muda. Mas longe aqui de atirar pedras a atual crise... O quer esta coluna é possibilitar o espaço do questionamento das idéias.
Veja, diagnostico da região já foram exaustivamente realizadas, inclusive pelo próprio Conselho Nacional de Saúde, “Desafios da Saúde Indígena: o que podemos e precisamos fazer para assegurar ações de saúde e intersetorias para melhorar a qualidade de povos indígenas do Vale do javari e Alto Solimões”, que aconteceu em agosto do ano passado (2010) em Tabatinga, do qual contou com expressiva participação de indígenas e instituições, mas como já o título mostra - o tamanho do problema!
O produto produzido neste encontro demorou meses para ser entregue, pra chegar só o resultado escrito do diagnostico realizado no encontro, não estou falando de por em pratica o que foi ‘diagnosticado’. Bem outra coisa, (esta coluna já apontou o tema A difícil questão da liderança, janeiro de 2010, veja o blog) esta claro se as lideranças nas comunidades, não forem ouvidas, apenas esses encontros rápidos na cidade, vão resultar em movimentações políticas que pouco, ou nada tem haver com a questão central de nossas aflições, a saúde. A Educação, o protagonismo e a ética indígena estão sendo posto a prova perante as ações (ou ausência) de apoio do Estado. O que realmente vai se firmar? A suave distinção, o conflito de interesses, ou a pasmaceira mesmo (que vem acarretando alarmantes índices de mortalidade, a não entrega dos exames sorológicos).
Mas olha tem ocorrido propostas interessantes, pontuais, diga-se de passagem, houve em fevereiro uma proposta interessante na Frente de Proteção Etno- Ambiental Vale do Javari (confluência do Ituí-Itaquaí) sobre doenças sexualmente transmissíveis, com foco na AIDS e hepatite (alta incidência desta segunda enfermidade entre os indígenas da região). Parte da ação do AmazonAids esta na produção de um material nas línguas nativas, após o encontro que durou dias, e envolveu os povos de língua pano da TIVJ.
Ainda acontecerá no período de 26 de Abril a 08 maio de 2011, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís a V Semana dos Povos Indígenas no Maranhão. Esta quinta edição da Semana o consolida como um importante evento cultural, no qual os indígenas serão os principais protagonistas. Estes irão apresentar suas práticas sócio-culturais, sua cosmovisão, mitologia, suas celebrações e seus modos de vida dos povos indígenas: Guajajara-Tenetehara; Urubu - Ka’apor; Awá – Guajá; Krikati; Gavião; Canela; Timbira e Kreniê.
Durante a Semana acontecerá uma série de atividades de divulgação da riqueza e da diversidade cultural dos povos indígenas tais como: mostra de vídeos etnográficos; exposições de fotografias; oficinas temáticas de pintura corporal; cantos; mitos e língua; mesas redondas; feira de artesanato e exposição de acervo arqueológico; material etnográfico e material didático indígena.
Por que será que nada acontece por aqui no Alto Solimões, no Amazonas? Cultura não é folclore! Não ignore, vai ficar ai parado?
Para finalizar esta edição alguns tópicos extraídos do Plano Setorial para as Culturas Indígenas / MINC; SID – Brasília, 2010. que acreditarmos ser fundamentais para o inicio da solução, no caso indígena:
-Incentivar os processos tradicionais de transmissão de saberes e práticas de modo a promover o reconhecimento dos métodos e dos processos educativos tradicionais e a valorização dos sábios indígenas (xamãs, contadores de histórias, parteiras, cantores, etc.) e dos anciãos como detentores de conhecimentos e da memória viva das comunidades e povos indígenas.
-Possibilitar a criação de espaços comunitários para o diálogo e a reflexão sobre temas culturais de interesse dos povos indígenas propiciando condições para que os mesmos construam estratégias de fortalecimento, valorização e revitalização das suas culturas;
Incentivar a troca de experiências e o intercâmbio entre comunidades e povos indígenas visando o fortalecimento das iniciativas culturais.
-Informar a sociedade não-indígena sobre a contribuição dos povos indígenas para a diversidade cultural e para a formação da identidade nacional;
-Propiciar a inclusão digital dos povos indígenas garantindo-lhes o acesso às tecnologias de informação e da comunicação;
-Qualificar e criar mecanismos de gestão das políticas públicas a serem implantadas em contextos socioculturais diferenciados.

O dia do índio, é todo dia, todo dia do índio. E lembrem-se, só não é índio, quem não é!

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