sexta-feira, 27 de abril de 2012

awa guaja a tribo mais ameaçada do mundo

http://www.survivalinternational.org/pt/awa#take-action façamos algo!!!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

CARTA DE UM ANTROPÓLOGO KAIOWÁ SOBRE INTIMIDAÇÃO SOFRIDA EM FRENTE A UMA ALDEIA INDÍGENA NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, BRASIL

CARTA DE UM ANTROPÓLOGO KAIOWÁ SOBRE INTIMIDAÇÃO SOFRIDA EM FRENTE A UMA
ALDEIA INDÍGENA NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, BRASIL
Prezados (as) autoridades federais,
Eu, Tonico Benites, vim por meio desta mensagem comunicar a todas
autoridades federais que hoje de manhã, sexta-feira [06/04/2012], às 10h20,
na estrada pública, em frente da aldeia Pirajuí-Paranhos-MS, um homem não
índio, com dois revólveres na mão cercou a estrada e me mandou parar o
carro, pedindo para eu descer dele.
Diante disso, eu falei para minha esposa, que estava junto comigo, além da
crianças: "É hoje que pistoleiro vai me matar; eu vou descer". "Você desce
e pega a chave do carro e as crianças, e vai correndo avisar as lideranças
da aldeia Pirajui".
Ela começou a chorar com as crianças. Abri a porta e desci. O homem começou
me pedir documento pessoal e do carro; passou a me interrogar. Entreguei a
ele os documentos, ele olhou meu documento e falou: "Hã! vc é o Tonico
Benites né!?, o que veio fazer por aqui!, conta? Hoje vamos conversar
seriamente!"
Respondi: "Sim, eu mesmo. Vim visitar a família da esposa e parentadas aqui
na aldeia Pirajui e Potrero Guasu". Ele falou: "É só isso??" respondi que
sim. Comecei entrar em estado de raiva, medo e desespero, e perguntei o que
pretendia fazer comigo e a mando de quem? Ele riu e disse: "Você é
inteligente, né? Que bom!?".
Enquanto isso, a minha esposa gestante de 7 meses, e as crianças irmãzinhas
dela começaram a chorar dentro do carro. O homem, ao ouvir o choro,
falou-me naturalmente: "Você tem filhos e esposa, né? Gosta dela e de teus
filhos? hein?! fala?" Respondi que sim.
Então ele passou me ameaçar: "Você vai perder tudo, ela que você ama e
filhos que gosta, vai perder, Vai perder carro. Vai perder dinheiro. Tudo
você vai perder. Você quer perder tudo? Você quer perder tudo?", ele
repetiu várias vezes essas pergunta. Respondi: "Não! Não! Não!"
Já tinham passado mais de 20 minutos e a chuva estava chegando. "Você tem
dinheiro?" Passou a me pedir a carteira do bolso. Entreguei a ele. "Hã!
você tem sim! E vai começar perder." E pegou tudo o que eu tinha na
carteira. Pediu-me várias vezes para não voltar mais àquela aldeia e
região. "Se você promete que nunca mais vai volta por aqui vou soltar você
vivo. Respondi: "Sim, sim!".
Ele falou: "Não estou não sozinho não; somos muitos. Aqui estamos só
quatro. Tá vendo?", indicando o matinho. "Você não está fazendo o trabalho
que presta, sabia não?", referindo-se à ocupação da terra e pesquisa
antropológica. Ele sabe tudo sobre mim e meu trabalho. Fala bem língua
guarani.
Depois se apresentou dizendo que ele é polícia do Paraguai. A vestimenta
dele é similar a traje da polícia da Força Nacional. Pediu para eu não
contar para autoridade, não! Só assim me soltaria vivo e nem levaria o
carro, e nem machucaria minha esposa e crianças. Prometi que não contaria
para ninguém.
Mais ou menos por 40 minutos, ele me falou: "Vai embora daqui! Nunca mais
quero ver você por aqui." Respondi que sim!, se me soltasse, eu não
voltaria àquela aldeia. Por último, disse: "Vou ficar de olho em você,
hein?!
Assim me liberou. Não me machucou fisicamente, mas verbalmente sim;
psicologicamente saí traumatizado, tremendo, muito medo. Às 10h45 fui
direto à casa da liderança indígena da aldeia Pirajuí. Contei-lhe e ele
ligou para a delegacia de Polícia Civil, em Paranhos, mas ninguém atendeu.
Achamos que, por conta do feriados.
Imeditamente, as comunidades de Pirajuí se juntaram, querendo saber do
acontecimento. Contei a todos o fato ocorrido. O Otoniel já se encontrava
no interior da aldeia Pirajuí, e Eliseu já estava em Ypo'i. Minha esposa
ficou muito mal, pediu para retornar a Dourados. Por isso, pedi às
lideranças para me escoltar até a cidade de Paranhos. Eles me escoltaram
com várias motos, deixando-me na cidade em Paranhos-MS. Retornei a
Dourados, chegando lá às 20h30, e passei a escrever o fato ocorrido comigo
hoje.
A liderança da aldeia Pirajuí me pediu para retornar segunda-feira para
registrar queixa na Polícia Civil. Mas sozinho não quero voltar para lá,
não. Preciso fazer algo mais diante disso. O Otoniel e o Eliseu se
encontram na região de Paranhos-MS.Att,Tonico
Pois é amigos é preciso tomar consciencia que tipo de país queremos, reflitam