quarta-feira, 19 de outubro de 2011

domingo, 16 de outubro de 2011

Vamos à luta, não podemos ficar parados enquanto nossos irmãos são massacrados.


Vamos à luta, não podemos ficar parados enquanto nossos irmãos são massacrados.
“Nessa região perto de ti, Sto. Antônio do Içá, habitam Ticuna, Cocama e Kaixana, Kambeba, entre tantos outros povos indígenas.O prefeito Antunes Vitar Ruas mandou os vereadores incitar o sindicato dos trabalhadores rurais e estão invadindo a Área indígena Kaixana Vila Presidente Vargas , Município de Santo Antônio do Içá.Neste lugar existe um sítio arqueológico Kaixana e no Governo deste mesmo prefeito passou uma estrada ao lado deste sítio arqueológico, e as máquinas arrastaram cerâmicas e ossos que permitiram o roubo de peças milenares. Quem está comandando a invasão são: Jocinei Sabino Malheiros e Paulo Garcia do Sindicato Rural, com o apoio dos Fazendeiros Biá e Iraci Pedrosa. O motivo das invasões é impedir a demarcação das áreas indígenas. O cacique Kaixana Francisco Barroso Larranhaga está resistindo bravamente ao ataque que começou ontem, mas está ficando encurralado.”Aucá Pellín
Não obtivemos mais noticias e informações sobre o assunto, mas averigüemos, pois, estamos falando de fatos recentes e se o sr. Aucá estiver certo, o patrimônio Amazônico esta em perigo com a destruição de sítios arqueológicos e antes de tudo, dos humanos!
Mas não é só por aqui, os Awa Guaja habitantes da Terra Indígena Caru no Estado do Maranhão, no dia 20 de setembro denunciaram ao Ministério Publico a situação de conflito, violência e truculência, com freqüentes invasões de sua terra por madeireiros, desmatamento da floresta e a omissão da Funai.
Gente, tentando ser mesmo o mais breve possível: O princípio do Distrito Sanitário como "processo social" (presente nas deliberações das II e III Conferências Nacionais de Saúde Indígena, como dos principais documentos e obras de referência sobre o assunto) esteve realmente presente e protagonizando a construção dos atuais DSEIs? Pois o que temos ate agora, são atuações com pouca ou nenhuma escuta para a diversidade de etnias, situações, problemas e necessidades por eles abrangidos, nem investimento na implementação das instâncias de controle social, e na capacitação de seus agentes.
Nestas circunstâncias, e nesse andar da carruagem, se propor a "trocar o pneu" da saúde indígena "com o carro em movimento", como o fez Dr. Antonio Alves, é no mínimo um ato suicida, quando não de uma incompetência e irresponsabilidade políticas espantosas por parte de quem o induziu a fazê-lo, ou de quem o assessorou na construção do diagnóstico da situação dos DSEIs (o próprio Dr. Antonio Alves reconheceu ter experiência recente nesse campo da saúde indígena).
Estamos falando de construir um carro completamente novo, Dr. Antonio Alves! Não se trata de trocar o pneu do carro velho! Quanto menos com ele em movimento, despencando a ribanceira. Se propor a iniciar uma "nova" cultura ("nova" só se for, porque se fala disso pelo menos desde 1986, quando da I Conferência) porque é disso que se necessita esse "novo" jeito de gerir a saúde indígena (fundamentado efetivamente na prática do processo social), incorporando as antigas estruturas, equipes, procedimentos e práticas da FUNASA - além de uma flagrante contradição de termos, é vocação precoce ao desastre. Vimos situação semelhante acontecendo quando da transição de modelos FUNAI-FUNASA , foi a década de 1990 toda e o mesmo erro, então cometido, está se repetindo na transição FUNASA-SESAI agora. Se a construção dos Distritos deve ser um processo social, o primeiro e principal problema dos atuais DSEIs é exatamente o modo como foram construídos: eles devem ser repensados, redesenhados, re-planejados, repactuados, a partir de um cuidadoso e realmente participativo processo social. Envolver os indígenas, a sociedade do entorno, as universidades, para contribuir nessa nova secretaria, espaço para encaminhamento e respeito às praticas e percepções culturais nativas.
Os Movimentos Indígenas, Indigenistas e Sanitaristas têm de reconhecer, no entanto, que também cometemos erros graves no acompanhamento da implementação desta política: se não assessoramos ou apoiamos diretamente as primeiras gestões da FUNASA/DESAI na construção dos DSEIs, nos desarticulamos e nos silenciamos em muitas
situações.
E pra finalizar: o Ministério da Cultura abriu consulta pública para receber sugestões às metas propostas para o Plano Nacional de Cultura (PNC), instituído pela Lei nº12.343/2010. O objetivo da consulta é receber contribuições da sociedade civil e de gestores públicos para o processo de construção das metas que nortearão as políticas públicas no campo cultural, no período de dez anos de vigência do PNC. A consulta estará disponível até o dia 20 de outubro. O MinC espera, desse modo, firmar o compromisso de participação democrática na formulação e execução das políticas culturais.
Para enviar contribuições ao PNC, acesse: http://pnc.culturadigital.br/teaser/
Mais informações acesse: http://www.cultura.gov.br/site/2011/09/15/plano-nacional-de-cultura-23/
Participem, e lembrem-se queremos propor direções, debater os temas, ampliando as discussões. Não pretendemos apontar culpados, mas sim caminho e alternativas, contribuir para um mundo melhor... Um passo a frente e você já não esta no mesmo lugar. Contribua!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Programação Primavera dos Museus, Museu Magüta

Acontece em setembro a Primavera dos Museus, organizado pelo IBRAM em todo o Brasil. O Museu Magüta em parceria com o Instituto Natureza e Cultura/ UFAM e o Museu Nacional/UFRJ, estarão realizando diversas atividades (coordenadas pelo Senhores, Nino Fernades e Rafael Pessôa).A 5ª Primavera dos Museus tem como tema Mulheres, Museus e Memórias, é um espaço de indagação sobre como o gênero, a mulher e o feminino estão sendo pensados na contemporaneidade. Com que memórias nossos museus individuais e coletivos estão sendo estruturados?
Parte desta ação faça parte do cronograma deste projeto de Extensão Arte e Cultura, pois alem de oficinas a cerca de conservação de acervo com técnicos/pesquisadores do Museu Nacional, haverá oficinas de artesanato, visitas guiadas e a re-inauguração da exposição Ritual Tikuna (com fotos da Festa da Moça Nova ocorrida em Lauro Sodré, 2010 e fotos de 1956 do acervo do Dr. Roberto Cardoso de Oliveira doadas ao Museu Magüta pelo pesquisador João Martinho de Mendonça da UFPB).

PROGRAMAÇÃO

Exposição: Ritual Ticuna:Passado e Presente,1959-2010.Fotos da festa da moça nova tiradas em Lauro Sodre (2010), e do acervo Roberto Cardoso de Oliveira doadas ao Museu.Organização Rafael Pessôa e Angela Melo.

De 19 a 30 de setembro das 9 as 17 horas

Exibição de filmes: Mostra de filmes sobre a cultura Tikuna e demais documentários com temática indígena do acervo do Museu, serão apresentados durante várias sessões.

Das 9 as 17 dos dias 19 a 22

Sessão Indígenas 1-artes:
Premio anaconda, mostra de quatro (04) filmes premiados entre outros, “As cores tikuna”, “moyongo, Ikpeng”, etc.
Arte e desenhos indígena uma produção da UNB de 2005

Sessão Indígenas 2-contato origens:
Guerra de pacificação produção francesa
Primeiro contato dos Korubo, produção BBC

Sessão Amazônia e o audiovisual-
O cineasta da selva
Explorando a Amazônia vol.1,2 e3 produção BBC

Sessão Indígena 7-Magüta
Maguta a saga de um povo
Tikuna e a CGTT, organização do movimento.

Oficina: Criação livre de artensato tikuna, revendo técnicas e artefatos junto aos mais velhos da comunidade.coordenado pela senhora Dionísia Almeida.
De 19 a 25 de setembro das 9 as 16 horas
Atividade realizada em Filadélfia, casa da CGTT.

Visita guiada: Visita guiada por Tikuna na exposição permanente com explicações sobre artefatos e curiosidades sobre a cultura Magüta.Coordenador Nino Fernandes.
De 19 a30 de setembro das 10 as 16 horas

sexta-feira, 2 de setembro de 2011


Algumas situações sobre os isolados e as políticas de governo.


Ola apontaremos algumas situações sobre os isolados e as políticas de governo. No dia 28 de maio de 2008 veio a publico ‘as novas remessas de imagens dos isolados’ no estado do Acre fronteira com o Peru, e a atenção internacional voltou-se indignada pelas ameaças de suas terras e sues modos de vida. Apesar de tanta polêmica Governos, políticos, corporações ignoram os direitos e exploram, invadem as terras impunemente. Entre tantas ameaças que poderíamos enumeras a ‘frente de exploração’- que atira sem hesitar, é sem sombra de dúvida, o primeiro contato (historicamente não datado), ao menos a primeira impressão desse encontro com o outro para os índios. Muito provavelmente as primeiras doenças, como conjuntivite, gripe...
Os Awa na divisa dos estados do Maranhão e Para, estão fugindo das escavadeiras que abrem estradas na mata e destroem as suas terras (parte maranhense da Amazônia brasileira). Madeireiros, criadores de gado e colonos estão invadindo. São abertas ilegalmente estradas em território indígena onde os grupos de ‘isolados Awa’ estão vivendo.
‘Nós vivemos na profundeza da floresta e estamos encurralados conforme madeireiros avançam. Estamos sempre fugindo. Sem a floresta, não somos ninguém e não temos como sobreviver.’ (To’o Awá)

O governo reconhece o direito à posse, mas, no entanto, as autoridades falham em impedir tais invasões, muitas das vezes os madeireiros bloqueiam as estradas impedindo a Policia Federal de entrar nas terras para que sejam investigadas.
Mas veja bem, por outro lado quando é de interesse as ações acontecem, por exemplo, os limites de algumas Unidades de Conservação estão sendo alterado para poder abrigar hidroelétricas, foi uma medida provisória que alterou a demarcação de pelo menos três parques Nacionais na Amazônia liberando a exploração mineral no entorno, com essa mudança as empreiteiras poderão instalar canteiros de obras das usinas de Tabajara, Santo Antonio e Jirau.
Muitas ações estão sendo marcada pela falta de dialogo e omissão de informações por partes dos gestores (entenda-se Governo), a usina de Belo Monte vai servir mesmo as mineradoras do entorno, em alguns de seus canteiros já começam a chegar maquinas e o pior que o governo não tem solução nenhuma ate agora sobre o que fazer com o deslocamento de cerca de 30 mil pessoas que serão atingidas. Ainda pior o desrespeito a constituição que proíbe que se arranquem os indígenas de suas terras originais. E já esta acontecendo problemas de invasão de terra, nos transportes, na segurança e na saúde pública em algumas cidades como Altamira.
Em Campo Grande no Mato Grosso, aconteceu o IV seminário Povos Indígenas e Sustentabilidade, realizada pelo Projeto rede de Saberes da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) os trabalhos estão disponíveis no site: http://neppi. org/eventos/ 4sustentabilidad e/cd.htm.
Tem também um site interessantes sobre a história das coisas confiram: http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E
E aqui no Alto Solimões? Onde esta as mudanças na educação, saúde indígena? E a reestruturação da FUNAI? Atalaia do Norte? Juruá? Atenções não fiquem como massa de manobra, mudar é preciso, lembrem-se todo dia é dia de índio. Alcemos vôo alto em busca de melhorias que já há muito demora a chegar. Acreditemos no novo, mas claro sem esquecer-se de nosso fundamental envolvimento/comprometimento, colocando toda a nossa contribuição pra um mundo melhor.

Esta acontecendo em setembro a Primavera dos museus, o Museu Magüta em parceria com o Museu Nacional/UFRJ e o Instituto Natureza e Cultura/UFAM esta participando com diversas atividades a partir do dia 19 de setembro:
Exposição: Ritual Ticuna:Passado e Presente,1959-2010.Fotos da festa da moça nova tiradas em Lauro Sodre (2010), e do acervo Roberto Cardoso de Oliveira doadas ao Museu pelo pesquisador João Martinho de Mendonça da UFPB.Organização Prof. Rafael Pessôa e Angela Melo.
Exibição de filmes: Mostra de filmes sobre a cultura Tikuna e demais documentários com temática indígena do acervo do Museu, várias sessões.
Curso e Oficina: criação livre de artesanato Tikuna (no Museu e na comunidade), revendo técnicas e artefatos junto aos mais velhos da comunidade. Coordenado pela senhora Dionísia Almeida e Hilda Pinto Felix.
Visita guiada: Visita guiada a exposição permanente com explicações sobre artefatos e curiosidades sobre a cultura Magüta.Coordenado pelo Sr. Nino Fernandes.
Para um mundo melhor a ação começa com você, e veja um passo à frente e você não esta no mesmo lugar. PARTICIPE, OU VAI FICAR AI PARADO?

quarta-feira, 22 de junho de 2011


Alguns acontecimentos e pensamentos. Como estamos? Participei da reunião junto a Setorial Indígena no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) no Ministério da Cultura, Na pauta conversas com o presidente da FUNAI- Sr. Marcio Meira e Sr. Francisco Piyako Ashaninka (que alias esteve recentemente na reunião e eleição da nova diretoria do Univaja que aconteceu na T.I. Vale do Javari), e claro importantes interlocutores da política cultural do atual governo com destaque para a Secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural, Marta Porto.
Fiquemos atentos ao site do Minc, pois parece que serão lançados novos editais, por agora esta fechando o edital do Itaú cultural, confira... Ainda há tempo.
Vejam um trecho inicial do manifesto do CNPC: “Os representantes do Conselho Nacional de Política Cultural – CNPC, no Fórum Interconselhos do PPA 2012-2015, em Brasília – DF, nos dias 24 e 25 de maio de 2011, reconhecem e enaltecem a iniciativa do Governo Federal nos processos de consulta à sociedade civil e de fortalecimento dos conselhos nacionais na pactuação de políticas públicas, em especial na discussão de seus planos plurianuais.”
Quanto aos gestores dos municípios do Alto Solimões e do Brasil é importante organizar e planejar ações na área de cultura, chamar os agentes culturais locais, todos os demais interessados, pois o Plano Nacional de Cultura, que ainda circula para aprovação no Senado tem como uma de suas premissas o envolvimento (protagonismo) e encaminhamento dos municípios de suas necessidades, e diretrizes para ações na cultura. Busque na internet o Plano Setorial pra Cultura Indígena e o Plano Setorial de Política para Cultura Popular (na biblioteca do Instituto Natureza e Cultura/UFAM temos esses planos setoriais e também os de musica, dança, audiovisual, circo, etc. para consulta), se não nos apoderarmos desses documentos, e organizadamente estabelecer pontes de dialogo e ações para fazer valer o que está escrito, vai continuar no papel e pior com pouquíssimo acesso aos maiores interessados- a população brasileira. Cultura não se faz sozinho!!!
Com relação aos territórios etno-educacionais? E a Sesai? E a reestrutura da FUNAI? O que estamos fazendo? Recentemente no caso do Javari tivemos uma reunião do Conselho Distrital com o novo coordenador, os índios estão mais uma vez na esperança de poder ser diferente de agora em diante (tem a Revista índio na internet com uma entrevista sobre a situação de saúde); os Yanomami, insatisfeitos têm tomados atitudes mais drásticas para enxergarem alguma solução no horizonte de ações na saúde.
É importante mergulharmos fundo nos problemas e não apenas determo-nos aos atores e gestão das políticas, se realmente quisermos solucionar os problemas, reagir não significa uma disputa por espaço político e poder, mas, sim encaminhamento das possíveis soluções. O que fazer? Um passo a frente e você já não esta no mesmo lugar.
Disse o sábio: no futuro, a civilização será capaz de solucionar problemas simplesmente não permitindo que se tornem problemas. Afinal, estamos todos nessa enorme aldeia universal, o que afeta um, também afeta, o outro, cedo ou tarde.
Raramente existem soluções breves para problemas duradouros, o importante é a iniciativa para solucioná-los, conscientize-se, pois pequenos ajustes podem resultar em grandes avanços ao longo do tempo.
Às vezes vivemos cegos sob as nuvens que nos próprios criamos, nesses momentos, deixamos de apreciar e prezar pelas belezas que nosso mundo pode abrigar enquanto for saudável, bem como ele (nosso mundo) nos mantém saudáveis e produtivos. É preciso um pouco de juízo e colocar a saúde acima do medo, desespero e interesses pessoais mundanos que não trazem a felicidade pra ninguém, o ‘normal’ ocidental faz mal.
"Realidades são o que fazemos delas, não o que elas fazem de nós ou o que nos fazem fazer" (Roy Wagner).
No contato visite http://indiosdonossotempo.blogspot.com
Ate o próximo!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Leiam! Fazendo circular noticias e descasos....

http://www.oecoamazonia.com/br/reportagens/brasil/220

domingo, 24 de abril de 2011

ìndios versão 20 ponto 11 publicado no Estado de São Paulo

Ola Leitores Virtuais! Neste momento estamos estabelecendo um parentese nas publicações ampliando a divulgação da materia publica domingo de pascoa de 2011 de minha estimada amiga Barbara Maisonnave Arisi no jornal - O Estado de S.Paulo, que segue:

Acabo de retornar de estadia de campo na Amazônia e fico feliz ao constatar que os índios estão cada vez mais dominando novas tecnologias e com uma mentalidade 20.11, preparando-se para participar das grandes questões globais da segunda década do século 21. Exemplos: meu aparelho celular não funcionava, pois na cidade de Atalaia do Norte só há uma operadora. Quem me salvou ao me emprestar seu aparelho novinho foi um garoto matis ? considerado pela "regra de parentesco incorporador de antropólogos" meu irmão indígena. Fui surpreendida pelo lindo ringtone com um canto de pássaro amazônico que ouvia ao despertar quando morei na aldeia. "Uau, Makwanantê, que lindo. Como gravou o canto desse pássaro?" "Baixei via Bluetooth de graça no cybercafé da cidade." Ok, eu também esqueço às vezes que trabalho com índios amazônicos versão 20.11, os magníficos matis, um povo de língua pano que vive na Terra Indígena Vale do Javari, segunda maior do País, com 8,5 milhões de hectares.

No dia seguinte pedi a outro jovem matis um carregador de bateria para minha câmera digital e ele trouxe um carregador universal made in China comprado na Colômbia (fronteira próxima). Serve para qualquer tipo de bateria e dribla a imposição de empresas como Sony ou Motorola com modelos que nos obrigam a comprar mil traquitanas. Os índios 20.11 sabem escolher o que lhes dá autonomia mesmo entre as quinquilharias chinesas e surpreendem aqueles que, no Brasil "metropolitano" (para usar um termo cunhado por Manuela Carneiro da Cunha), acham que os indígenas amazônicos vivem na Idade da Pedra ou num paraíso (ou inferno) pré-industrial. Os ameríndios com quem tenho o prazer de conviver podem estar esquecidos nas políticas governamentais, mas se movimentam no universo de questões globais como mercado de crédito de carbono e uso de tecnologia para melhorar a vida em suas comunidades. Alguns estão na universidade e serão em breve professores universitários. Afinal, índios não ficam em cristaleira de museu ou apenas decoram pôster festivo da brasilidade para fazer jus ao logo federal "Brasil, país de todos". Os índios seguem sendo bem índios mesmo portando seus celulares, editando filmes, torcendo pelo Flamengo. E continuam necessitando demarcar terras, especialmente em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Para isso mesmo, precisam e gostam de tecnologia, para estarem plugados no mundo, como você e eu.

Em Manaus, conheci a vice-coordenadora da Coiab (Confederação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), Sônia Guajajara. Ela ficou famosa na COP-16 (última conferência da ONU sobre mudanças climáticas), em Cancún, México, ao entregar o troféu "motosserra de ouro" à senadora Kátia Abreu ? prêmio dado aos que aumentam o desmatamento na Amazônia. Como Sônia, há outros índios que aprenderam o glossário da "economia mundial ambiental", sabem o que é Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação). Ou seja, estão afinados com a economia ambiental e combatem ideias australopitecas dos defensores da reforma do Código Florestal.

Graças aos índios brasileiros é que a floresta ainda está em pé, conforme demonstram imagens do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Vizinhos dos matis, os índios maiorunas vivem em ambos os lados da fronteira do Peru e do Brasil e, nos últimos anos, vêm migrando para nosso País por causa da atuação de empresas multinacionais que concessionaram áreas em seus territórios com o aval do governo do Peru. Os mesmos maiorunas, em 2003 e 2004, chamaram a atenção das autoridades para o contrabando de madeira realizado por peruanos. Os Estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia, sempre citados como destruidores do meio ambiente, só apresentam indicadores positivos devido às terras indígenas. Os índios também denunciam as rotas do narcotráfico em seus territórios.

Além desses serviços ao País, os índios também investem em economia criativa. Querem que sua juventude aprenda a utilizar telefones celulares, laptops e câmeras de vídeo para que eles próprios tenham domínio sobre a produção (e também o consumo, em alguns casos) da indústria da criatividade, que os jovens indígenas façam seus próprios filmes, vendam CDs de suas músicas, tenham eles próprios controle sobre seus bens imateriais que por tantos anos foram produzidos e vendidos por estrangeiros ou outros brasileiros. Os índios têm todo o direito de se tornarem big players na indústria do entretenimento. Como demonstram sucessos como o filme Cheiro de Pequi, da Associação Indígena Kuikuro e do Vídeo nas Aldeias, que ganhou o prêmio de melhor curta-metragem em Montreal, no Canadá. Chegará logo o dia em que teremos cineastas indígenas concorrendo em Cannes.

É bom lembrar, porém, que nem tudo na realidade indígena são cantos de pássaros e tecnologia. No Javari, cerca de 80% da população indígena está contaminada por hepatites virais que provocaram a morte de 300 pessoas nos últimos dez anos. Há alguma esperança com a nova Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) de que haja atendimento permanente para as 55 comunidades. A Funai, em processo de reestruturação, havia decidido desmontar a administração regional na cidade de Atalaia do Norte, deixando os cerca de 3.800 índios que moram na Terra Indígena sem uma base administrativa próxima. Parece que quem vive em Brasília olha o mapa do Javari apenas pendurado na parede e, por isso, pensa que os rios do Javari correm do norte para o sul! Porém os rios do Javari correm todos na direção norte e oeste para formar o Solimões e, a partir de Manaus, o Amazonas. Certamente, os índios terão muitos direitos a exigir nos protestos do Abril Indígena, programados para ocorrer em maio em Brasília.

As grandes questões globais estão na Amazônia e os índios, melhor do que a maioria dos brasileiros, já estão se preparando para lidar com esse mundo 20.11 ? de preocupações com energias limpas (pós-Fukushima), onde os países ricos pagam aos "emergentes" para que mantenham suas florestas em pé, onde as tecnologias made in China tomam o lugar das que fazem carregadores não universais, onde quem tem força de sobrevivência é quem vai vencer e deixar para trás os acomodados. Os índios brasileiros já mostraram que vieram para sobreviver. Desde 1500 têm conseguido se manter vivos, o que em si, já é um feito e tanto. Agora, parece que vão nos ensinar o que fazer para sermos um país rico em biodiversidade, em captura de carbono e em economia criativa. Tenho tentado acompanhá-los e aprender com eles.

BARBARA MAISONNAVE ARISI É DOUTORANDA DO PROGRAMA DE ANTROPOLOGIA SOCIAL UFSC. ESTAGIOU NO INSTITUTE OF SOCIAL AND CULTURAL ANTHROPOLOGY DA UNIVERSIDADE DE OXFORD

terça-feira, 12 de abril de 2011

DIAGNOSTICO EPIDEMIOLOGICO


Ola! Leitores! Vamos falar aqui sobre A crise atual de saúde no Vale do Javari (mas, talvez seja planetária), afinal ainda não esta decidida quem vai ocupar os lugares e os cargos e, as ações diárias vão sendo ‘sucateadas’ já há quanto tempo? Por que ‘sucateada’? Pela falta de planejamento para organizar as ações mantendo desta maneira ‘a ineficiência de assistência’ do estado no quesito saúde, mas as questões educacionais não vão lá muito melhores.
A campanha SOS Javari (intitulada assim pelo movimento indígena) organizou com o CTI (centro de trabalho indígena) e ISA (instituto socioambiental) uma equipe para mais uma vez busca gerar um diagnostico epidemiológico, ou, “apresentar um diagnóstico antropológico que servirá como base para o planejamento, a execução de ações e a divulgação da Campanha SOS Javari. O diagnóstico será especialmente destinado aos profissionais de equipe multidisciplinar a ser montada sob coordenação do CTI e do ISA (composta por antropólogos, infectologistas, sanitaristas, AIS, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, motoristas, pilotos, entre outros).”
Pois, a proposta, convenhamos, ate agora para as ações de melhoria da Sesai (antiga FUNASA), já começa a demonstrar que, nada muda. Mas longe aqui de atirar pedras a atual crise... O quer esta coluna é possibilitar o espaço do questionamento das idéias.
Veja, diagnostico da região já foram exaustivamente realizadas, inclusive pelo próprio Conselho Nacional de Saúde, “Desafios da Saúde Indígena: o que podemos e precisamos fazer para assegurar ações de saúde e intersetorias para melhorar a qualidade de povos indígenas do Vale do javari e Alto Solimões”, que aconteceu em agosto do ano passado (2010) em Tabatinga, do qual contou com expressiva participação de indígenas e instituições, mas como já o título mostra - o tamanho do problema!
O produto produzido neste encontro demorou meses para ser entregue, pra chegar só o resultado escrito do diagnostico realizado no encontro, não estou falando de por em pratica o que foi ‘diagnosticado’. Bem outra coisa, (esta coluna já apontou o tema A difícil questão da liderança, janeiro de 2010, veja o blog) esta claro se as lideranças nas comunidades, não forem ouvidas, apenas esses encontros rápidos na cidade, vão resultar em movimentações políticas que pouco, ou nada tem haver com a questão central de nossas aflições, a saúde. A Educação, o protagonismo e a ética indígena estão sendo posto a prova perante as ações (ou ausência) de apoio do Estado. O que realmente vai se firmar? A suave distinção, o conflito de interesses, ou a pasmaceira mesmo (que vem acarretando alarmantes índices de mortalidade, a não entrega dos exames sorológicos).
Mas olha tem ocorrido propostas interessantes, pontuais, diga-se de passagem, houve em fevereiro uma proposta interessante na Frente de Proteção Etno- Ambiental Vale do Javari (confluência do Ituí-Itaquaí) sobre doenças sexualmente transmissíveis, com foco na AIDS e hepatite (alta incidência desta segunda enfermidade entre os indígenas da região). Parte da ação do AmazonAids esta na produção de um material nas línguas nativas, após o encontro que durou dias, e envolveu os povos de língua pano da TIVJ.
Ainda acontecerá no período de 26 de Abril a 08 maio de 2011, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís a V Semana dos Povos Indígenas no Maranhão. Esta quinta edição da Semana o consolida como um importante evento cultural, no qual os indígenas serão os principais protagonistas. Estes irão apresentar suas práticas sócio-culturais, sua cosmovisão, mitologia, suas celebrações e seus modos de vida dos povos indígenas: Guajajara-Tenetehara; Urubu - Ka’apor; Awá – Guajá; Krikati; Gavião; Canela; Timbira e Kreniê.
Durante a Semana acontecerá uma série de atividades de divulgação da riqueza e da diversidade cultural dos povos indígenas tais como: mostra de vídeos etnográficos; exposições de fotografias; oficinas temáticas de pintura corporal; cantos; mitos e língua; mesas redondas; feira de artesanato e exposição de acervo arqueológico; material etnográfico e material didático indígena.
Por que será que nada acontece por aqui no Alto Solimões, no Amazonas? Cultura não é folclore! Não ignore, vai ficar ai parado?
Para finalizar esta edição alguns tópicos extraídos do Plano Setorial para as Culturas Indígenas / MINC; SID – Brasília, 2010. que acreditarmos ser fundamentais para o inicio da solução, no caso indígena:
-Incentivar os processos tradicionais de transmissão de saberes e práticas de modo a promover o reconhecimento dos métodos e dos processos educativos tradicionais e a valorização dos sábios indígenas (xamãs, contadores de histórias, parteiras, cantores, etc.) e dos anciãos como detentores de conhecimentos e da memória viva das comunidades e povos indígenas.
-Possibilitar a criação de espaços comunitários para o diálogo e a reflexão sobre temas culturais de interesse dos povos indígenas propiciando condições para que os mesmos construam estratégias de fortalecimento, valorização e revitalização das suas culturas;
Incentivar a troca de experiências e o intercâmbio entre comunidades e povos indígenas visando o fortalecimento das iniciativas culturais.
-Informar a sociedade não-indígena sobre a contribuição dos povos indígenas para a diversidade cultural e para a formação da identidade nacional;
-Propiciar a inclusão digital dos povos indígenas garantindo-lhes o acesso às tecnologias de informação e da comunicação;
-Qualificar e criar mecanismos de gestão das políticas públicas a serem implantadas em contextos socioculturais diferenciados.

O dia do índio, é todo dia, todo dia do índio. E lembrem-se, só não é índio, quem não é!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Primeira Confêrencia Mundial sobre Povos Indígenas



Ola estimados leitores da coluna, mais uma vez, feliz ano novo e que este 2011 esteja cheio de realizações! Nesta nossa primeira publicação quero indicar o site http://www.famalia.com.br que mantém interessantes informações sobre assuntos culturais por todo o Brasil e é mantido pelo amigo Marcelo Manzatti.
No inicio deste ano, começam os trabalhos para a preparação da primeira Confêrencia Mundial sobre Povos Indígenas, que ocorrera em 2014, de acordo com a resolução adotada por unanimidade na Assembléia Geral da ONU (formada por 192 membros) em Nova York no fim do ano passado. Entre outras tarefas previas inclui a redação de uma proposta de Ação, com o principal objetivo de proteger os ‘esquecidos’ direitos das comunidades aborígenes e preservar suas culturas.
Há mais de 370 milhões de indígenas, que representam mais de 5% da população mundial e cerca de 15% dos pobres no mundo, segundo as Nações Unidas.
“Os indígenas devem participar dos processos internacionais que possam afetá-los, mas seus problemas não serão solucionados em conferências”, disse Christina Chauvenet, do Survival International USA (Siusa), ao ser consultada sobre o papel que as comunidades aborígines desempenharão no encontro de 2014.
As comunidades aborígines devem desempenhar um papel principal na preparação da conferência para que sua opinião seja incluída no planejamento e nos resultados buscados, afirmou a advogada Sarah (também diretora da Clinica Legal Transnacional, da Faculdade de Direito da Universidade da Pennsylvania), para quem é importante reconhecer
que os indígenas não são uma unidade: “Não é uma população monolítica e não pode ser tratada como tal”, acrescentou Sarah, que também coordena o Projeto Universal de Revisão Periódica, da Rede de Direitos Humanos dos Estados Unidos. É necessário gerar os espaços para promover uma participação transparente e inclusiva das comunidades indígenas na fase preparatória, ressaltou.
E ai vamos ficar parados? Lembre-se um passo a frente e já não estamos no mesmo lugar. É preciso clarear as mentes, dissipar toda essa inveja e interesses escusos de quem não tem nada pra contribuir, e para finalizar alguns dizeres/mensagens para esses seres vazios que buscam incansavelmente através da inveja e de aborrecimentos acabar com nossa força de luta para um mundo melhor, o mundo é de todos nós!
E para os que estão na luta, não mude sua natureza. Se alguém te faz algum mal, apenas tome precauções. Alguns perseguem a felicidade, outros a criam. Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam, é problema deles. O nosso bem estar, a nossa felicidade está em nossas mãos, ninguém tem o poder de mudar nossos sentimentos.
“Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver." (Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama)
Ate o próximo!